sábado, 29 de março de 2014

Nasce a física quântica



Todo mundo sabe quem foi Albert Einstein, já ouviu falar da sua teoria da relatividade. Mas o ano miraculoso do físico alemão não teria sido possível sem as descobertas de outro físico, seu compatriota também famoso (mas nem tanto) Max Planck. Suas ideias, apresentadas em 14 de dezembro de 1900 numa reunião da Sociedade Alemã de Física, viriam alterar paradigmas fundamentais da física, lançando as bases da moderna física quântica. Elas abriram muitos caminhos que ainda buscamos explorar mesmo um século depois e fizeram da primeira década do século 20 uma forte concorrente ao posto de ‘anos dourados da física mundial’.
Planck iniciou uma revolução na física, da qual Einstein tomaria parte fundamental anos depois, ao decifrar o ‘problema do corpo negro’, que envolvia radiação eletromagnética e termodinâmica e sempre levava a uma discordância entre os conceitos teóricos e os resultados experimentais, quando considerados os conhecimentos da época. Planck então deduziu uma fórmula que descrevia os resultados experimentais e na qual introduziu um novo conceito, interpretando que a energia em um corpo negro somente poderia ser absorvida na forma de valores discretos, em ‘pacotes’ – ou quanta, termo em latim que acabou batizando todo um novo ramo da física que nascia -, proporcionais a uma nova constante, que posteriormente recebeu o nome do próprio alemão.

Era uma teoria extrema para a época, que mesmo Planck relutou em aceitar como realidade física – a considerava um artifício matemático para a resolução do problema. Mas ela ganhou força quando Einstein utilizou o conceito de ‘quanta de luz’ (fóton), concebendo que qualquer forma de radiação eletromagnética se comporta como pequenos pacotes de energia, proporcionais à constante de Planck, para explicar o efeito fotoelétrico, que relaciona frequência de luz e geração de corrente elétrica, passo fundamental para que recebesse o prêmio Nobel, em 1921. O próprio Planck foi agraciado com o mesmo prêmio em 1918. 

Dois fatos curiosos: o primeiro é que Planck não faz a linha do ‘jovem prodígio’ – quando criou sua teoria mais famosa, já tinha mais de 40 anos e uma carreira muito bem estabelecida. Além disso, quando propôs sua constante, ele não queria revolucionar a física e não imaginava o alcance que o seu trabalho teria: apenas considerava sua proposta uma tentativa extrema de conciliar a teoria com os dados experimentais. Antes de morrer, em 1957, aos 99 anos, o físico pôde ver o surgimento da física quântica e as transformações que provocou no mundo – praticamente quase toda a nossa tecnologia é fruto do conhecimento sobre a matéria proporcionado pela física quântica.



Nenhum comentário:

Postar um comentário